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Livro de Reservas

Bem vindos! Sou apenas uma Turista cheia de bagagem, em viagem pela Vida, registando Reservas aqui e ali num Hotel chamado mundo.

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04.Jan.19

2019: ano consciente

Mi

O início de um Ano é sempre uma óptima desculpa para colocar em perspetiva tudo o que aconteceu nos últimos 365 (ou 366) dias; os recomeços trazem sempre energias tão boas que, inveitavelmente, nos contagiamos com novos planos e projetos a preencher um calendário e uma agenda novinha em folha.

Enquanto o meu computador continua nos cuidados intensivos, o meu "desligamento" virtual acentua-se. Já não tenho hábito de fazer listas de resoluções, porque aprendi que todos os dias são realmente oportunidades de mudar alguma coisa, basta tirar 5 minutos, antes de dormir, para perceber o que deveria melhorar ou que passos devo empreendeer para chegar onde gostaria. Também perdi a minha crença nas listas de desejos, apenas sigo os dias e vejo o que acontece (está intrínseco ao que referi antes: um passo de cada vez). Tenho apenas listas de projetos que se vão moldando, ou não, às necessidades do momento, às conjunturas, aos gostos... sei lá... a tantos fatores que não controlamos.

Ainda assim, gosto de olhar para trás: 2018 revelou-se um ano em grande, para o bem e para o mal. Eu e ele fomos a Veneza, viajámos pelo País, aproveitámos a companhia um do outro como nunca, trabalhei em muitas coisas que gosto, apareceram-me propostas interessantes, empreendemos a grande aventura de comprar casa e conseguimos receber 20 pessoas numa sala vazia de móveis, mas repleta de amor. Tive muitos momentos em que chorei de solidão... é muito triste perceber quando perdemos importância para os nossos amigos. Pelo caminho deste ano, abandonei velhos vícios, procurei libertar-me, adquiri novos hábitos e, de momento, só procuro apreciar os meus dias na sua simplicidade (ter menos, ter ocupações que me permitam trabalhar a criatividade, procurar ser mais pacífica e calma - trabalhoso!). A maior tristeza do meu ano foi chorar a morte do meu Avô. O conforto neste hora veio da família, dele, de quem estava longe e de pessoas de quem não esperava. Pouco mais. Não tive sequer uma amiga no velório do meu Avô ou nos dias que se seguiram que me abraçasse e me mostrasse que é nestas horas de tristeza e solidão que podemos contar uns com os outros. Então chorei de mágoa e de solidão, de novo.

O Ano de 2019 ainda se revela algo envergonhado para mim: preocupam-me apenas as responsabilidades da casa, o trabalho e dar seguimento a novos projetos profissionais. Estou bastante focada em organizar e arrumar a nossa casa, ligar-me ao que é essencial e trabalhar para alcançar novos patamares na área de formação. Lidar com a morte do meu Avô fez-me mesmo desapegar de muitas coisas e dar mais importância a outras. Os tempos menos bons tornam as famílias mais unidas, e, independentemente do motivo, sinto-me grata por sentir isso na minha Família.

 

Lembro-me que sempre olhei com algum nervosismo para agendas em branco, páginas de calendários novos, no início de cada Ano: o medo do incerto, de não saber o que iria acontecer ou alcançar. Curiosamente, este Ano sinto-me serena e pronta para ir à luta, não importa o que venha. Depois da intensidade que foi 2018, especialmente os últimos 4 meses, mais nada me pode assustar ou impedir de alcançar o que quer que seja. Tenho aprendido que sou forte e estou a procurar mudar o facto de me estar sempre a auto-criticar ou a desvalorizar. O meu namorado é paciente comigo e sempre que ele me dizia que eu já tinha feito muitas coisas importantes que mostram o quanto eu sou forte, não levava muito a sério as palavras dele, infelizmente, porque para mim era tudo muito banal, os feitos que concretizava. No dia do funeral do meu Avô li um texto que tinha escrito de coração aberto, em nome de todos: sentia-me triste e nervosa, mas levantei-me, dirigi-me ao ambão, respirei fundo e controlei-me. Não chorei, nem uma lágrima. Dias depois, o meu namorado olhou-me nos olhos, no meio de uma das minhas crises e disse-me: "tu és forte. Tens a força e a coragem da tua avó, da tua mãe. Tu tens garra e tomates." Foi a partir deste dia, depois destas palavras, que a minha visão das coisas mudou, para melhor. A visão que tenho sobre mim mudou, num episódio que poderá parecer tão insignificante aos olhos de toda a gente.

E é isto que vou fazer pelo meu 2019, ao invés de o desejar: um ano de garra e coragem. Farei o melhor para que seja um ano em que estou consciente do que quero e do que faço por mim e pelos outros. 

Feliz Ano Novo a todos!

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